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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Este Amor Que Nos Jorra


Este amor que nos jorra – jorra e queima
em paixão que flutua ou já guerreia
contra si próprio se tornado cinza,
contra o destino se tornado areia…
Este amor é dilúvio – é fora e dentro
mesmo se sabendo que é candeia
a esmorecer em bruma, ao fogo lento
de nos deixar a dor quando se enleia
à nossa desrazão, ao fim do entendimento,
à ambígua amarração de luz e de tormento
nestas bolsas de sal às vezes cheias.
Este amor é de carne – é foz patente
de um rio sempre a crescer, sempre na esteira
do que tão perto está mesmo se ausente.

João Rui de Sousa

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